O Projeto

O Cinema de Terreiro é um Museu Digital voltado à memória do cinema e audiovisual negro em Salvador e no Recôncavo baiano, cujo o fio é a ancestralidade, a trajetória e o acervo de Luiz Orlando da Silva (1945-2006).

Uma pesquisa que tem como lastro a tese do jornalista Pedro A. Caribé, defendida na Universidade de Brasília (UNB) em 2019.

Os terreiros de candomblé são evocados por ser um manancial de sobrevivência e autonomia do legado africano neste território. São símbolos que penetram nas narrativas da filmografia baiana e brasileira tecendo uma identidade reconhecida no mundo. E, também na troca e dessacralização das narrativas.

Já Luiz “O” constitui uma geração de militantes que agencia tal legado a fim de desnudar o mito da democracia racial a partir dos anos 1970. Ele era um autodidata que focou na formação por meio de livros, jornais e revistas, e o inovador: filmes. Fez disso adentrando em instituições públicas a fim de fomentar cineclubes, pesquisas, filmes e festivais no Brasil e no Exterior.

Luiz viveu em período de maior escassez em uma dimensão chave do cinema negro: a direção patrimonial e artística. E, a saída para dar um passo à frente na história foi utilizar uma curadoria que conectou uma vasta filmografia a territórios que ressignificam as narrativas às suas aspirações de vida.

Tal trajetória é reconectada aqui a outras tantas que enfrentam o genocídio em complexos processos que desracializam, dividem, apagam, expropriam e folclorizam o que vem da África. São autorias reconectadas nos atores, diretores, roteiristas, montadores, cinegrafistas, músicos… E que encontram no Museu um espaço de preservação, fomento e difusão em múltiplas linguagens e quatro galerias dinâmicas devido o panorama de transformações.